Sei que já venho tarde à festa, mas hoje trago um Peugeotzito que me surpreendeu bastante. Acho que devo começar pelo exterior que é na minha opinião, muito melhor do que a geração anterior. Sempre achei a geração anterior com ar de bulldog francês aziado... Esta nova geração, com nome de código P21, é mais moderna, mais desportiva e com um carro para todos os gostos, do mais simples ao mais tecnológico, da gasolina ao diesel, do motor de combustão ao 100% eléctrico, existe um Peugeot 208 para todos os gostos. Tem esquisitices próprias de um carro francês? "Oui mon ami", mas já lá vamos a esses detalhes...
Durante 1 mês que tive a oportunidade de andar com 2 Peugeot 208 de última geração com o motor 1.2 de 75 cv, um com o nível de equipamento Active Pack e o outro com o nível de equipamento Allure Pack. Ambos têm um bom nível de equipamento, embora obviamente que o Allure Pack seja mais agradável.
O motor só tem 75 cavalos, mas estes parecem ser puros sangue, pois apesar de eu estar à espera que o carro fosse extremamente lento, este afinal é só minimamente adequado... O motor de 3 Cilindros Turbo tem um bom binário o que torna a condução mais agradável e o som do motor é surpreendentemente bom. Mas não vão ganhar nenhumas corridas na Vasco da Gama, pois para atingir os 100 km/h demora 13,2 segundos (eu a pensar que já não existiam carros com 2 dígitos para chegar aos 100 km/h), mas para quem usa este carro na cidade, os 75 cv são mais do que suficientes para a maioria das situações... mas com excepção à situação das ultrapassagens que devem ser muito bem ponderadas. Os consumos surpreendem, numa condução mista não é fora do normal fazer médias na casa dos 4 litros aos 100. Na autoestrada com velocidades entre 120 e 140 os consumos também não ultrapassaram os 6,5 litros.
Caixa de velocidades? Muito boa... ou então, muito má. No primeiro 208 que andei a caixa de 5 velocidades era justinha e precisa. No outro a caixa de velocidades tinha folgas tão exageradas que sempre que metia uma mudança era como jogar na lotaria. Será que vai calhar a 2ª? Oh não calhou a 4º! Vou reduzir para 3ª. Olha afinal reduzi para 1ª... Estas duas experiências tão diferentes do mesmo carro e carros similares no número de quilómetros só podem ser explicadas por 2 hipóteses: 1ª os Peugeot com Pack Allure têm uma caixa de velocidades melhor e mais avançada do que com o Pack Active. 2ª o carro que tinha a caixa super solta, foi super mal tratado ou tinha defeito de fabrico e por isso é que estava naquele estado. Por isso atenção! Se estiverem a pensar comprar um Peugeot 208, façam test-drive!
Prazer de condução? Num carro com 75 cavalos, parece difícil de compreender como é que podemos extrair aquele sorriso quando estamos num mood mais desportivo, mas acreditem que este Peugeot de 75 cv é muito mais divertido de conduzir do que o Hyundai Bayon que testei anteriormente. Quando um carro tem um grande chassis a potência é relativa, pois a única diferença é que demora-se um bocadinho mais de tempo a chegar à próxima curva, mas depois quando se chega lá, o divertimento começa em manter o momentum o que é fácil devido ao excelente comportamento deste pequenote. Existe aquela máxima do ser mais divertido conduzir rápido um carro lento e este 208 é a prova viva de que isso é verdade. No entanto, não posso deixar de admitir que se este carro tivesse mais potência, seria mesmo muito divertido e é uma pena que o 208 mais potente desta geração ser só a versão eléctrica com 136cv que faz dos 0-100 km/h em 8,1 segundos. Acho que esta geração do Peugeot merecia uma versão GTI com mais de 200cv, mas infelizmente, isso não parece estar nos planos da Peugeot. O que está nos planos é o upgrade ao modelo eléctrico que em 2023 vai contar com mais autonomia e com um aumento de potência para os 156 cv. (Aqui podem ler a review do Peugeot 208 GTI da geração anterior)
Passando para o interior, nota positiva para os bancos que são confortáveis e com bom apoio lateral. Os bancos de trás são um pouco inexistentes, mas para quem tem filhos pequenos, servirá perfeitamente. No exterior acho que de forma unânime posso dizer que o carro tem uma excelente figura, o interior já não é tão consensual. É um tanto ao quanto estranho as duas "prateleiras" no centro do tablier para guardar tralha. Também é estranho e aborrecido para o lugar do pendura não ter o ecrã do centro com um ângulo tão acentuado para o condutor. Percebo que para o condutor é porreiro ter uma visão mais directa para esse ecrã, mas quem vai ao lado se quiser mexer em alguma função, vai ter muitas dificuldades. Depois é a insistência do volante pequeno (que é porreiro) com o mostrador do conta km bem acima do volante (que não é porreiro). Esta teimosia causa vários problemas logo na posição de condução e na dificuldade em ver a informação que está no mostrador. É um verdadeiro desafio ter o volante numa posição confortável e que ainda assim possibilite a leitura de quantos km/h é que vou, ou que R.P.M é que o motor está... Pior, é que mesmo que encontre aquela posição ideal, como o volante é pequeno, grosso e em formato hexagonal, basta uma ligeira curva para começar a tapar parte do mostrador. Que o volante pequeno dá uma sensação mais desportiva ao carro, dá sim senhor e é muito fixe, mas os problemas que isso traz são tão grandes que simplesmente não compensa. Outra coisa negativa é o pingarelho do Cruise Control que está localizado por baixo dos piscas e que está a todo o momento obstruído pelo volante. Acionar o cruise control neste carro é carregar nos botões ao calhas e esperar ter carregado no botão certo para manter a velocidade. Super mal posicionado e super mal concebido. Porque é que não colocaram estes comandos no volante?
Mas se tudo o que houvesse num carro francês fizesse sentido estávamos perante um carro alemão, por isso é que apesar destas pequenas falhas acho que o Peugeot 208 é um carro bastante válido, tem bons consumos, é confortável e tem um comportamento em estrada muito bom. A Peugeot tem aqui um carro excepcional e que é um excelente aperitivo para os restantes modelos da marca do leão.
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