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Teste - Peugeot 208 GTI E-THP

 

Será que o 208 GTI é um Leão ou um Gatinho?

"O sonho dos meus amigos é ter um GTI", já cantava a Manuela de Azevedo dos Clã. As 3 letras mágicas que despertam a atenção de todos os Petrol Heads. Uma sigla que muitos pensam que foi invenção da VW em 1976, quando lançou uma versão apimentada do Golf, mas curiosamente esta sigla nasceu em terras Italianas.

O GTI original!

A primeira marca a usar o termo GTI foi a Maserati em 1960 com o 3500 GTI. Naquela altura GTI significava "Gran Turismo Iniezione" que quer dizer "Grand Touring Injection" um termo que foi usado para a então nova tecnologia que iria substituir os carburadores. Foi em 1976 que o termo GTI ficou sinónimo de "Hot Hatch" por causa do Golf MK1 GTI um pequeno carro banal que foi apimentado com um motor mais potente, alguns upgrades na suspensão e travagem... O resultado foi um dos melhores carros desportivos alguma vez criados. A sigla GTI ficou na moda e muitas outras marcas lançaram os seus próprios GTI's, como por exemplo, a Rover, Citroen, Suzuki, Nissan e até a Proton. Mas a única marca a lançar um GTI que ombreasse com o Golf foi a Peugeot. 106 GTI, o 309 GTI e claro o incontornável 205 GTI que é considerado um dos melhores Hot Hatch alguma vez feitos. 

Se há coisa que os franceses sabem fazer é carros rápidos e ao longo dos anos as marcas francesas têm-nos agraciado com versões desportivas de carros normais espectaculares. Peugeot foi uma delas, com os exemplos referidos, mas infelizmente as gerações a seguir ao 205 GTI foram para esquecer. É então que a Peugeot entra em 2013 com um "Revival" do Peugeot 205 GTI, pelo menos, assim quis parecer todo o Marketing em volta do lançamento do Peugeot 208 GTI. Finalmente um digno sucessor do grande Hit da Peugeot nos anos 80 e 90. O Peugeot 208 GTI tinha de origem 200 cv de um motor 1.6 litros turbo. A versão que eu testei já foi o facelift que contava com o mesmo motor mas agora com 208 cv e 300 N.M. de binário e também já preparado para as exigências das emissões Euro 6. Este motor denominado de "Prince" foi também usado pela Citroen e pela Mini.

Design é irreverente

Primeiro temos de falar do design e aqui sinceramente a Peugeot não foi muito feliz com a frente do carro. O carro tem um ar de Bulldogs com um pára-choque e capô muito arredondados. É certo que o look mais desportivo do GTI fica melhor do que as versões do 208 normais, mas mesmo assim, a frente deste carro não é uma frente que morra de amores. O resto do carro está muito bem conseguido, principalmente a traseira. Só fica a faltar mesmo um escape com duas saídas que penso que ia adicionar muito à aparência desportiva do carro. 

Saltando para dentro do cockpit desta pequena bombinha a primeira coisa que me saltou à vista foi o volante ser muito pequenino e os instrumentos do conta rotações e velocímetro estarem numa posição bastante mais alta do que o normal. À primeira vista parece porreiro, mas quando me sentei e comecei a ajustar o volante para a minha posição de condução fiquei com a vista para estes painéis obstruída pelo volante. O sistema de infotainment neste carro não era o original (era uma unidade Android toda XPTO), mas se bem me lembro a unidade de origem era bastante banal, sem grande definição e com software um pouco antiquado. (Não admira que o antigo dono tivesse optado por um upgrade). Os bancos são confortáveis, mas fiquei com a sensação que podiam oferecer maior apoio lateral. A Peugeot tentou usar bastantes tipos de materiais diferentes e o carro até tem bom aspecto nos locais onde olhamos e mexemos mais. Ao desviar o olhar para outros pontos do interior, apercebi-me do uso de plástico mais normal e banal. Penso que a estrela do interior é mesmo o volante pequeno que dá a sensação de estarmos a conduzir um carro muito mais ágil e pequeno do que realmente é. No fundo o trabalho da Peugeot no interior deste 208 GTI é muito bom comparado com a concorrência do mesmo segmento. 

Traseira muito bem conseguida, só falta mesmo uma saída dupla de escape para ser mais GTI

Saltando para o volante é de notar que este carro não é novo, tinha 128.000 km e era do ano de 2015, mas para um carro com esta quilometragem até estava muito bom. Duas coisas que não gostei, o feedback do volante podia ser melhor, mas isso é um mal que infelizmente afecta muitos carros modernos e o pedal da embraiagem ser demasiado leve. Trocar de relações na caixa manual de 6 velocidades é muito bom, não é espectacular, mas sinceramente, gostei de trabalhar com esta caixa e de trocar relações. A suspensão absorvia bem as irregularidades da estrada e não era demasiado rija, dando a sensação de que neste caso a Peugeot optou por um carro mais complacente e mais inclinado para o conforto do que propriamente para a pista. Penso que a verdadeira estrela deste carro é o motor. 208 cavalos com 300 N.M. de binário num carro que pesa 1235 kg é o suficiente para nos colar ao banco quando esmagamos o acelerador. Apesar do pequeno motor turbo, o lag não é muito perceptível, ele existe, mas não é preciso esperar muito para sentir aquela avalanche de potência que o turbo entrega e é com bastante rapidez que entramos em velocidades ilegais, é de lembrar que este carro faz 6,5 segundos dos 0-100km/h!

Num teste do Peugeot 208 GTI é incontornável não falar de duas versões mais apimentadas que foram feitas à posteriori. Uma edição numerada que celebrava o 30º aniversário do 205 GTI e outra denominada de By Peugeot Sport que são basicamente a mesma coisa. São versões mais para pista com suspensões e travagens revistas, com vias mais largas, com jantes maiores e pneus melhores. Esta é a versão mais focada para pista e foi bastante aclamada pela crítica. Eu faço a referência à versão By Peugeot Sport porque o Peugeot 208 GTI normal é a versão Gran Touring... é aquele carro que serve para dar as tuas voltas despreocupadas com uma suspensão firme mas ainda assim bastante complacente, com uma embraiagem muito leve e com bancos super confortáveis. Se fizer uma condução normal nem se nota que é um GTI, mas se quiser andar mais rápido, tem lá 208 cv de pura diversão. É um carro que dá a sensação que podemos fazer centenas de KM sem ficar fatigado. O 208 GTI by Peugeot Sport é a versão de pista, é a versão verdadeiramente desportiva. No fundo a Peugeot tem dois GTI's para dois tipos de clientes diferentes. É normal que a pessoa mais leiga na matéria queira logo ir para a versão By Peugeot Sport, no fundo acaba por ser a versão de topo, a mais rara e a mais valiosa, mas não deixem de parte a versão GTI normal pois os preços são muito mais apetecíveis e provavelmente aqueles extras todos By Peugeot Sport que tornam o carro mais virado para a pista podem não ser do agrado de toda a gente.

Um carro que nos convida a passeios muito quentes!

O sonho de ter um 208 GTI até é bastante alcançável, quem procura um brinquedo de fim de semana tem aqui uma excelente escolha, quem procura um carro para o dia-à-dia bem condimentado, também tem uma excelente opção. Quem procurar emoções mais fortes vai ter de ir para as versões By Peugeot Sport que são muito mais caras. Seja qual for a escolha, o 208 é um GTI digno desse nome. 


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