Eu não gosto de Smarts. Especialmente do antigo Smart Fortwo, até porque o antigo Smart Forfour e o Smart Roadster eram carros muito porreiros. Mas o Fortwo? abominava o carro. E acima de tudo abominava o Marketing por de trás deste carro. Vinham com uma grande conversa do chassis em Tridion que foi uma característica de segurança tão exagerada por parte da Smart que as pessoas ficavam com a percepção de que o carro era mais seguro do que outros carros maiores e de segmentos superiores. O que é de doidos, mas realmente, existiam pessoas convencidíssimas disto e mesmo de uma forma fanática. Claro que testes como este, refutavam completamente todos os argumentos a favor da segurança do Smart. É impossível um carro tão pequeno, leve e sem uma frente longa o suficiente para amortecer os impactos ser um carro seguro. O próprio Insurance Institute for Highway Safety constata isso neste vídeo.
Depois vem a parte da poupança de combustível. O Smart não era um carro extraordinariamente económico, apesar do seu tamanho e peso, muito por culpa da caixa automática que era a única opção no primeiro Fortwo, mas era constante o material de Marketing da Smart referir que era um dos carros mais poupados e menos poluentes do mundo inteiro e isso não era verdade. Existiam carros maiores, com melhor poupança de combustível do que o Smart. Depois claro, o preço do carro, que não era nada barato.
Isto tudo somado e o Smart não parece ser assim tão Smart quanto isso. Até o nome do carro é abominável. Então quem tem um Smart é mais inteligente que os outros? Ter um carro que a nível de segurança, poupança de combustível e preço é ultrapassado por muitas outras opções no mercado é assim tão inteligente? O nome veio de S de Swatch, M de Mercedes-Benz e Art, mas preferia que tivessem encontrado um nome menos Snob.
De qualquer das formas a marca prevaleceu. Passou por dificuldades o que fez com que acabasse com o Smart Roadster e o Forfour e se focasse somente no Fortwo e agora, chegou o novo modelo de Smart, completamente redesenhado e que a meu ver é uma GRANDE EVOLUÇÃO em relação ao modelo anterior.
O modelo que experimentei durante 1 semana inteira é o Forfour. É igual ao Fortwo, mas mais longo e com a capacidade de levar 4 pessoas e ainda tem uma bagageira que já permite levar coisas lá atrás. (O Fortwo desta geração continua a pecar na parte da bagageira o que é bem mais curta que o Forfour).
A grande novidade está na opção de caixa de velocidades manual, o que permite obter consumos bastante interessantes neste carro. Temos de ter em perspectiva que o Smart é um carro citadino e que em cidade é impossível obter os consumos que obtive nas minhas viagens ao trabalho através da Nacional nº2, mas ainda assim foi impressionante obter uma média de 4,1 litros por estradas secundárias. Claro que em cidade o consumo pode aumentar para os 6 ou até mesmo 7 litros, mas se tivermos uma condução calma e utilizarmos o Start & Stop é fácil de obter consumos que rivalizam com os dos carros a Diesel. O carro com um depósito de combustível durou-me cerca de 650 km e ainda tinha gasolina no depósito quando o entreguei, fiquei com a sensação que podia ter chegado facilmente aos 700 km de autonomia só com um depósito. O motor do carro em teste é um 999 cm3 de 3 cilindros com 71 cavalos de potência. Como é um motor turbo, é um carro que até se mexe bem e consegue ser agradável de se conduzir. Claro que não vão arrancar alcatrão com isto, mas também não é esse o objectivo.
Em termos de conforto, não é um carro que seja óptimo para viagens grandes. Os bancos em pele são um pouco duros de mais e quando me voltei a sentar nos bancos do meu Mazda 2, o meu rabo agradeceu. O carro é muito agradável de se conduzir desde que seja com calma. A viragem do carro é estelar o que simplifica bastante as manobras, o carro é silencioso e absorve bem os impactos e a direção é muito leve, embora não nos dê feedback nenhum daquilo que as rodas estão a pisar ou a fazer. Ou seja o carro é muito bom a andar em linhas rectas e a baixas velocidades, mas imaginando que queiram se divertir um pouco com ele (até porque tem tracção traseira) e o levam para uma estrada com curvas e o carro perde a compostura toda. Os pneus pequenos e finos, aliados com uma suspensão demasiado macia e centro de gravidade alto faz com que o carro seja um verdadeiro desastre ao entrar numa curva a uma velocidade um pouco superior à normal. Aliás, foi basicamente isso que ia acontecendo quando o levei para a serra e fiz a primeira curva com uma velocidade que eu até achava ser normal. O carro saiu de frente e quase que ia tendo um despiste, o que vale é que como não ia muito depressa consegui recuperar o carro de uma forma um pouco desgovernada e deselegante. É um carro que não foi feito para emoções fortes e até adivinho que num dia de chuva seja necessário ter especial atenção e andar mais devagar para não entrar em despiste.
Mas o grande pecado deste carro é a forma completamente idiota dos pacotes de equipamento que este carro tem e uma mistura de extras que se encontram em carros de segmento de luxo com a falta de extras que são tão básicos que vos vai fazer ficar a pensar que quem fez estes pacotes de equipamento é completamente lunático. Ora vejamos, o Smart que testei é a versão Prime que tem coisas tão fixes como bancos numa espécie de pele, bancos aquecidos, ar condicionado automático, cruise control e rádio com bluetooth e kit mãos livres. Para além destes extras de série vinha também com um sistema de assistência da faixa de rodagem que custa 395€. Espectacular não é? Parece ser um carro muito apetrechado! Mas na verdade não é bem assim. Este Smart não vem com regulação de altura nos bancos nem de volante, o que é das coisas mais idiotas que eu vi em toda a minha vida! Para terem este "Extra" e eu ponho entre aspas pois isto é uma coisa tão básica que nem devia ser chamado de extra, têm de desembolsar mais 280€! Duzentos e oitenta euros para ter uma coisa que a maioria dos carros tem no nível de equipamento base? Que ultraje! Sensores de Estacionamento, são inexistentes neste nível de equipamento e custam 310 euros. Conta rotações? Se quiserem ter um vão ter de desembolsar mais 155€. Vidros eléctricos atrás? Não há. Aliás, as pessoas que vão atrás nem têm a opção de abrir o vidro, pois ele não desce. A única coisa que podem fazer é abrir um bocadinho para a lateral o que é patético. E o pior disto tudo é que um Smart com o nível de equipamento Prime começa nos 14 350€! No final de adicionarem estes extras indispensáveis, o carro ficará perto dos 16.000€ e isso não é propriamente um carro barato.
O Smart Forfour é uma grande evolução para os Smarts. É um carro prático, mais seguro que o anterior e mais económico. É um carro que foi feito para as cidades e aí é estelar. É o seu habitat natural. É infinitamente mais prático com lugar para mais duas pessoas e com uma bagageira que pode ficar verdadeiramente massiva quando se baixam os bancos de trás. Por isso se precisam de um carro pequeno, económico para andar nas cidades este carro é óptimo e não vou ficar desapontados. A única coisa que me irrita no carro é realmente a forma como a Smart fez os níveis de equipamento e obriga as pessoas a pagar mais dinheiro por coisas que são demasiado básicas. Eu se fosse vendedor da Smart morria de vergonha se tivesse de pedir ao meu cliente mais 280€ só para regular o banco e o volante em altura. Será que a Smart sabe que existem seres humanos dos mais variados tamanhos?
Por outro lado se querem um carro mais polivalente e que tenha de fazer para além da cidade, outros percursos maiores, então o Smart ForFour não vos vai satisfazer e pelo preço, existem outras opções mais polivalentes que entregam uma boa sensação de condução em todo o tipo de situações.
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