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Teste - Hyundai Bayon 1.0 T-GDI


Imaginem que vão a um restaurante e pedem um rodízio. Muitos pratos, mesa farta, quantidade e alguma qualidade, mas sempre que tocavam em alguma coisa não vos sabia a nada. Não porque estavam com covid19, mas sim porque o chef se esqueceu de temperar a comida que vinha para a mesa. No final o chef pede imensa desculpa e faz-vos um grande desconto. Ora isto é basicamente o que a Hyundai fez com o Bayon. 

No papel o Bayon é uma proposta muito apetecível e provavelmente para a maioria das pessoas é o suficiente. Estamos a falar de um carro extremamente bem construído, com muitos extras a um preço muito competitivo: 20.200€ e com oferta de pintura bi-color (tejadilho pintado de preto). Aliás se formos ao site da Hyundai neste preciso momento podem adquirir esta viatura por 19.700€. Para além disto ainda têm 7 anos de garantia. Será este o negócio do século?



Design e interiores

Falar de design é sempre muito subjectivo, mas na minha opinião, o Bayon é um carro virado para o futuro. A frente tem os faróis bem afastados para os cantos do automóvel e por cima tem uma barra de LED's de iluminação diurna separados do resto do conjunto, goste-se ou não, aqui pelo menos a Hyundai desenhou um automóvel diferente do resto do seu Line-Up e isso para mim é um ponto positivo. A traseira também acaba por ser muito interessante com um enorme vidro da bagageira em preto que contrasta bem com o resto do carro, principalmente se escolherem a cor branca. O Bayon em teste não veio com o tejadilho pintado de preto, mas por esquecimento ou para poupar, a antena em formato de barbatana de tubarão veio pintada de preto em vez de branco... estranho.




Os interiores são muito sóbrios e feitos de materiais muito duros ao toque. O carro vem com alguma iluminação LED azul que ajuda a dar um ar futurista ao carro durante a noite, mas de resto é apenas um interior que cumpre as suas funções. O pior mesmo são os bancos de condutor que são demasiado rijos e com suportes laterais muito estreitos. Eu que sou uma pessoa magra notei que o banco era demasiado apertado e causava desconforto, a minha mulher que é bem mais pequena que eu também notou o mesmo. Depois de fazer uma viagem de 100km estava arrasado e só desejava sair do carro. Em termos de espaço é muito competente. Existe muito espaço à frente e os bancos de trás também são espaçosos. Eu com 1,90 metros de altura sento-me sem tocar com a cabeça no teto e com algum espaço para os joelhos se os ocupantes da frente não forem muito altos. A bagageira é que é a estrela deste carro pois possui 411 litros de capacidade, o que é excelente.

Extras

A Hyundai decidiu trazer para Portugal um Bayon com apenas um nível de equipamento, mas este é bastante elevado. Desde um panóplia de extras relacionados com a segurança (Lane Assist, Controlo de tração, Travagem autónoma, Luzes Automáticas, sensores de chuva), tem câmara de marcha atrás e 2 ecrãs, um com informação do tacómetro de 10 polegadas e outro de 8 polegadas onde está o sistema de infotenimento e onde podem ligar via wireless o vosso telemóvel com Android Auto ou Apple Car Play. O carro também tem Cruise control e recolha automática de espelhos. A única coisa que ficou a faltar foi um sistema keyless que nem sequer existe como opcional. O que existe como opcional é a caixa automática de 7 velocidades que custa mais 1600 euros. Apesar de a Hyundai ter aqui uma nota muito positiva com a quantidade enorme de extras, tenho de vos falar do Lane Assist que é um dos mais introsivos e irritantes que tenho memória. Outro ponto negativo é a manete para acionar os máximos que é muito sensível e mais do que uma vez acabei por sem querer acionar os piscas. Aqui também de assinalar que a Hyundai podia ter escolhido uns faróis um pouco melhores, pois a visibilidade à noite não é muito boa.

Motor e Caixa de Velocidades

O 1.0 T-GDI é um 3 cilindros turbo de 12 válvulas que consegue debitar 100 cv de potência e 171 n.m. de binário. É um motor adequado para este carro já que pesa cerca de 1150kg e consegue fazer a corrida dos 0-100km/h em 10,7 segundos. O motor é o suficiente para desenrascar no trânsito e para fazer a ocasional ultrapassagem, mas sofre de um turbo lag que já não estava habituado. Enquanto que noutros carros com motores a gasolina similares se sente o carro a disparar o binário nas 1500 r.pm. (1.0 TFSI do Grupo VW é um exemplo), aqui neste só se sente o disparo do turbo por volta das 2500 rotações. Sei que isto vai de encontra o que a Hyundai diz no papel que o binário máximo chega às 1500 r.p.m. mas esta foi a minha experiência e é uma coisa que devem estar atentos quando forem fazer um test-drive. O carro tem 2 modos de condução, Sport e Confort, mas estes são muito parecidos e se mudam alguma coisa é o peso da direção do volante, em performance, não se nota diferença nenhuma. Consumos, na casa dos 5 ou 6 litros/100 km.

A caixa de velocidades da unidade testada é manual, tem 6 velocidades e é boa. Muito competente, precisa e com um tacto bastante bom. Este carro também tem travão de mão manual.

Direção e Comportamento em estrada

É neste departamento que o Hyundai Bayon cumpre os mínimos, embora não haja nada a apontar em termos técnicos ou de segurança, o comportamento em estrada deste carro é simplesmente aborrecido. Se abordarem este carro como uma máquina de transporte do ponto A ou B sem grande drama, não vão sair defraudados com o Bayon. Mas se por acaso estavam à espera de uma experiência de condução mais desportiva ou divertida, vão sair desapontados. Este carro tem uma direção vaga e nas curvas, digamos que não gosta muito de as fazer a altas velocidades. Lá está, é a falta de condimentos que faz com que seja um carro sem sal.

Resumindo

O Bayon é um carro com muitos e excelentes ingredientes, mas infelizmente a Hyundai esqueceu-se do tempero. Tem todas as funcionalidades de um carro, leva as pessoas de um sítio para o outro, tem muitos extras, tem rodas e suspensão e motor e outros componentes, mas tudo isto foi feito sem instilar uma pinga de prazer de condução. Se gostam muito de conduzir e precisam de um SUV pequeno, este não é o carro com que vão querer viver. Por outro lado se não gostam de conduzir ou têm outros carros na garagem que cumpram o objetivo de diversão na estrada, então o Bayon é adequado. Não fossem os bancos terríveis e os alertas irritantes do Lane Assist, aconselhava vivamente o Bayon a qualquer pessoa, mas assim, só posso dizer que devem considerar este carro e fazer um Test-Drive para ver se cumpre o objectivo. 



Pontos Positivos: 

  • P.V.P: 19.700€
  • Muito equipamento
  • 7 anos de garantia
  • Muito espaço para os ocupantes e bagageira maior que o Kauai
  • Oferta de pintura de tejadilho 
  • Qualidade de construção: 30.000 km e nenhum barulho parasita

Pontos Negativos

  • Lane Assist super intrusivo
  • Bancos nada confortáveis
  • Motor com Turbo Lag massivo 
  • Modo Sport e Confort não são distintivos o suficiente
  • Direção e Comportamento em curva muito banais
  • Interiores com materiais muito pobres, embora resistentes




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