É provável que ande ativamente à procura de um carro com mudanças automáticas. As caixas automáticas são cada vez mais eficientes e mais práticas de usar em todas as situações de condução, mas principalmente em cidade. Também é verdade que mesmo para os entusiastas, ter um carro com caixa automática já não é aquele pesadelo, ou sacrilégio... Existem algumas que são até bastante agradáveis de usar e já nem falamos que a maioria dos fabricantes de super carros já nem oferece a opção de caixa manual.
No entanto, há que ter atenção no momento de comprar um carro com caixa automática, pois existem bastantes tipos de caixa e cada um com os seus pontos fortes e fracos. Com este artigo espero que consigam perceber quais são os vários tipos de caixas automáticas que existem e quais as características que melhor se adaptam ao vosso gosto.
Existem 3 tipos de caixas automáticas: Caixa Automática de Dupla Embraiagem, Caixa Automática Conversor de Binário e Caixa Automática CVT (Continuously Variable Transmission).
1. Caixa Automática Dupla Embraiagem
A Caixa de Dupla Embraiagem foi criada pelo francês Adolphe Kégresse em 1939. As caixas manuais da altura eram difíceis de operar e então a ideia era fazer um sistema que não precisasse do condutor carregar em embraiagens e manusear a alavanca das mudanças para fazer passagens de caixa.
O primeiro carro de produção a ter uma caixa de dupla embraiagem foi um Hillman Minx em 1959. No entanto era um pouco complexo e primitivo e esta tecnologia permaneceu dormente por alguns anos. Nos anos 70 esta tecnologia foi reativada por causa de uma coisa que se chama competição automóvel. Com a evolução da electrónica, as passagens eram super rápidas e isso significava uma grande vantagem para o mundo das corridas. No entanto só em 2003 é que estas caixas finalmente chegaram ao público em geral no VW Golf R32.
Vantagens:
- Melhor economia de combustível
Devido à velocidade de troca de mudanças comparado com outras caixas automáticas a eficiência de combustível é 6% melhor. Também é normal que as caixas DCT tenham 7 ou 8 mudanças, estas mudanças extras ajudam a ter uma economia de combustível melhorada, mesmo comparando com um carro com caixa Manual de 6 velocidades.
- Mais rapidez
Uma pessoa normal demora cerca de 1 segundo a carregar no pedal da embraiagem, colocar uma mudança e soltar o pedal de embraiagem para trocar de mudança. Uma caixa de velocidade de dupla embraiagem troca de mudança em 10x mais rápido. Mais rapidez significa mais velocidade e menos tempo dos 0-100 km/h.
- Elimina erros por parte do condutor
Numa caixa manual é normal, por vezes, principalmente para os mais inexperientes, ou num momento de distração, deixar o carro ir abaixo, ou arranhar uma mudança, o que causa desgaste prematuro na caixa de velocidades e se o erro for mesmo muito crasso (Passar de uma sexta para uma segunda) pode partir o motor. Com a DCT nada disso acontece pois um computador super rápido e inteligente está a fazer esse trabalho e nunca falha.
- Mais opções de condução!
As caixas DCT são interessantes porque o computador pode realmente fazer por ele a troca de mudanças, mas a qualquer momento o condutor pode intervir e mudar as mudanças por si. Esta flexibilidade é o que torna estas caixas tão divertidas. Muitas vezes as caixas DCT têm patilhas no volante para colocar as mudanças ou têm uma alavanca, quer permite colocar e tirar mudanças como se tivéssemos num carro de rally com caixa sequencial.
Contras:
- Manutenção cara
A manutenção destas caixas de velocidades pode ser cara, mas os benefícios, acabam por compensar.
2 - Caixa automática Conversor de Binário
O primeiro carro de produção com caixa automática de conversor de binário foi um Buick lançado em 1948 e a caixa de velocidades foi baptizada de Dynaflow. Escusado será dizer que na América, estas caixas foram um tremendo sucesso.
Vantagens:
- Custo de manutenção reduzido
As caixas automáticas de conversor de binário são tão antigas e simples em termos de design que são praticamente à prova de bala. No entanto é de referir que caso exista uma avaria, pode ser dispendiosa a reparação desta caixa automática.
- Suavidade nas passagens de mudanças
É um sistema muito suave a passar mudanças e bastante silencioso. Uma das razões para ser uma das principais escolhas para os carros de luxo.
Desvantagens
- Perda de potência
Como referido, normalmente estas caixas de velocidades sugam um pouco a potência disponibilizada pelo motor devido à sua natureza, o que pode significar não só menos cavalos de potência, mas também, menos eficiência de combustível.
- Mais consumos
- Porque é uma caixa de velocidades que não é tão eficiente a transmitir a potência do motor para as rodas, acaba por ter também uma penalização nos consumos.
- Grande e pesada
Outra desvantagem destas caixas é serem grandes e pesadas comparando com outras caixas automáticas.
3. Caixa automática CVT
Acreditem ou não o primeiro conceito de transmissão variável foi desenhado em 1490 por Leonardo DaVinci. Aqui o objectivo do Italiano era tornar mais eficiente o trabalho agrícola feito por animais, ou seja, com menos esforço, puxar mais peso. Carregando no botão de fast forward histórico e depois dessa ideia de Davinci ter caído no esquecimento eis que em 1886 foi registada a primeira patente de uma Caixa de Velocidades CVT pelos engenheiros Daimler e Benz. A primeira vez que a CVT ganhou notoriedade foi em 1910 nas motos fabricadas pela Zenith. As CVT nas motos Zenith eram tão eficazes nas provas de "hill climb" que foram banidas da competição.
O primeiro carro de produção a ter uma Caixa Automática de Variação Contínua foi o DAF 600 de 1958, um pequeno carro Holandês de transporte de passageiros. O sistema foi baptizado de Variomatic. Hub Van Doorne (fundador da DAF) passou as patentes da Caixa Automática Variável para uma empresa chamada Van Doorne Transmissie e em 1975 a caixa CVT foi usada também no Volvo 340. Em 1989 a Subaru aplicou a CVT no Justy com sucesso tornando o carro muito eficiente. A partir daí os fabricantes japoneses adoptaram em massa a CVT e evoluíram-na imensamente até aos dias de hoje.
A CVT sempre foi associada a carros aborrecidos que foram feitos para serem eficientes, mas o que muitas pessoas não sabem é que a caixa CVT também teve uma breve aparição na Fórmula 1.
No início dos anos 90 as equipas de F1 reconheceram que, uma vez que o motor está constantemente acelerando e desacelerando, raramente está a operar no seu potencial máximo. Para que um motor funcione no seu potencial máximo, é necessário que mantenha a sua rotação no pico da sua potência e binário - uma proeza que a caixa CVT é especialmente adequada para realizar. Aplicando este princípio as equipas mais abastadas desenvolveram caixas CVT com uma correia suficientemente forte para suportar as cargas de binário fenomenais que os motores de F1 eram capazes de produzir. A Williams foi a primeira a testar um carro F1 equipado com CVT em 1993 com David Coulthard ao volante. A caixa produziu resultados tremendos que fizeram com que o carro fosse vários segundos mais rápido por volta do que outros carros que usavam transmissões normais. Também era um carro que produzia um som diferente já que não havia quebras de rotação quando se mudava de mudança. Naquela altura a Williams estava a muito à frente da concorrência com suspensão activa, controlos de tração e outras inovações, se a Williams fosse para a frente com a CVT a sua vantagem seria ainda maior. Obviamente que a FIA não gostou e então no regulamento de 1994 introduziu a obrigatoriedade dos carros terem uma caixa de velocidades com mudanças fixas que podiam ir de 4 no mínimo a 7 no máximo.
Para saberem mais e ouvirem um F1 com caixa CVT assistam a este vídeo interessante onde mostra um pouco do teste e desenvolvimento da caixa CVT para a Williams.
Vantagens:
Desvantagens
- Custo de Manutenção elevado
As caixas CVT como disse anteriormente são bastante fiáveis, mas se precisarem de ser reparadas, são bastante dispendiosas de reparar e muitas vezes requerem a substituição total da caixa de velocidades por uma nova.
- Aborrecidamente eficiente
A caixa CVT funciona muito bem para poupar combustível e como tal sempre foi escolhida para carros com a missão de serem eficientes e embora as CVT tenham aparecido em alguns modelos desportivos, devido à sua natureza acabam por desconectar um pouco o condutor do carro, o que torna a experiência de condução monótona. Em carros ditos normais para uso diário a caixa CVT é mais adequada, mas como está constantemente à procura da "mudança" mais eficiente, demora um pouco na resposta de aceleração e também tem o efeito de colocar o motor em rotações muito altas para chegar à velocidade desejada o que normalmente produz imenso barulho para o habitáculo. Daí a ser muito importante fazer o test-drive a um carro com este tipo de caixa, pois a sua forma de operar é tão diferente relativamente às outras caixas, que normalmente as pessoas ou adoram, ou odeiam.
Comentários