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Chaparral - Os Gurus da aerodinâmica

O nome desta construtora de protótipos e equipa de competição é no mínimo estranho principalmente para os Portugueses. Mas o que a maioria das pessoas não sabe é que não houve equipa mais inovadora no mundo das corridas de automóveis do que a Chaparral. Claro que equipas como a Ferrari, McLaren e Porsche deram os seus contributos, mais do que importantes, para o mundo dos automóveis, mas os carros da Chaparral eram tão avançados para a época que acabavam por ser banidos.

Fundada em 1962 por Hap Sharp e Jim Hall, Chaparral correu nos mais famosos circuitos Europeus e Americanos. Chaparral foi a primeira a desenvolver apliques aerodinâmicos que realmente funcionavam, foi a primeira a usar um Spoiler traseiro ajustável e a primeira a usar saias e um sistema de ventoinhas que sugava o ar debaixo do carro para que tivesse sempre downforce a qualquer velocidade. Os conhecimentos de Jim Hall criaram os carros mais avançados de sempre na história dos automóveis. Hoje em dia todos os carros de competição têm apliques aerodinâmicos e até já têm spoiler traseiro ajustável, mas na década de 60 não havia nada assim. Jim Hall trouxe para as corridas a importância da aerodinâmica.

Chaparral 2C
Existiram cerca de 11 protótipos feitos pela Chaparral. O génio de Jim Hall foi mostrado ao mundo com a introdução do Chaparral 2A. A frente do carro tinha a forma de uma cunha e a parte traseira do carro acabava numa forma côncava criando downforce. No entanto chegou-se à conclusão que este aplique aerodinâmico tornava o carro bastante leve na parte da frente sendo difícil curvar. O 2B foi introduzido com uma série de apliques aerodinâmicos que tornaram o carro ainda mais competitivo e resolveram os problemas do 2A. O Chaparral 2C introduziu pela primeira vez no mundo a asa traseira variável (hoje em dia super carros como o Bugatti Veyron e o McLaren MP4-12C usam essa tecnologia). Entre 1964 e 1965 o Chaparral 2C era quase impossível de bater graças a todas estas inovações na área da aerodinâmica.

Chaparral 2E
Chaparral 2E foi introduzido no CAN AM Championship e mais uma vez mudou completamente a forma como eram construídos os carros de corrida. Para começar, o radiador na frente do carro foi mudado para a traseira com duas grandes entradas de ar em cada lado. Esta forma de dispor os radiadores tornou-se num paradigma a ser seguido por quase todas as equipas de competição automóvel. A outra característica que fazia o Chaparral 2E tão diferente era a enorme asa traseira regulável colocada em cima do carro a 1,8 metros de altura. Passado 2 anos da estreia do Chaparral 2E, muitas equipas adicionaram também aos seus carros grandes asas traseiras, no entanto, a maioria dessas asas traseiras não resultava tão bem como a de Jim Hall. Em 1967 as asas traseiras ajustáveis foram banidas pois quando avariavam causavam grandes acidentes. Apesar de ser o carro mais acarinhado pelo público e de ter grandes avanços tecnológicos só conseguiu obter uma vitória no circuito de Laguna Seca. Todas as inovações aerodinâmicas do 2E não foram suficientes para o levar à vitória, pois o pequeno motor de 5,3 litros em alumínio não era competitivo o suficiente contra os grandes motores de 7 litros em ferro usados pela concorrência.

Chaparral 2J

Depois de terem sido proibidas as enormes asas traseiras ajustáveis eis que Jim Hall espanta mais uma vez o mundo com mais duas grandes inovações que mais uma vez foram banidas por serem avançadas de mais. O Chaparral 2J para além do grande motor de 7 litros que debitava 700 cavalos de potência, tinha um pequeno motor de 45 cavalos que servia para chupar o ar que estava por baixo do carro aumentando significativamente a downforce do veículo. O melhor desta tecnologia é que o carro independentemente da velocidade andava sempre agarrado ao chão, enquanto que os apliques aerodinâmicos e as asas traseiras tinham uma downforce que variava consoante a velocidade (por isso é que certos carros têm de ser conduzidos a altas velocidades nas curvas para não perderem a aderência). Para além do "aspirador" este carro tinha também saias em Plástico Lexan. Estas saias aumentavam significativamente a downforce e levantavam e baixavam consoante o movimento do carro. As saias foram também usadas mais tarde na F1 pelo famoso Lotus 78 e pelo Brabham BT49, acabando por ser também banidos pela FIA. O Ground Effect criado pelo Chaparral era imenso e as forças G's que os pilotos tinham de suportar nas curvas eram tremendas. 1970 foi o único ano em que o Chaparral 2J competiu. As inovações deste carro eram tão vastas que o Chaparral 2J conseguia ser mais rápido em pista 2 segundos do que o segundo carro mais rápido. Infelizmente, devido a constantes problemas mecânicos, não obteve muito sucesso. O "aspirador" do 2J entretanto foi banido por ter sido considerado uma peça aerodinâmica movível e por alguns pilotos da concorrência se queixarem que o Chaparral 2J atirava para o ar pequenas pedras para cima dos carros que seguiam atrás dele.

Chaparral 2K

Em 1979 a Chaparral lançou o seu último carro, o 2K que entrou nas Indy Car Series e ganhou 6 de 27 corridas. Também foi o vencedor em 1980 da mítica prova das 500 milhas de Indianapolis.

Todos os automóveis do Chaparral estão em exposição no Texas, no Permian Basin Petroleum Museum. Todos os meses os carros são tirados da exposição e postos a andar para delícia dos fãs de automóveis. Recentemente o Chaparral 2E e o Chaparral 2J foram mostrados no Good Wood Festival of Speed 2011 e foram sem dúvida uma das principais atracções como podem ver através deste artigo de Bill Caswell.

Jim Hall foi um grande piloto e um visionário que pela primeira vez usou os elementos externos ao carro em seu favor. Provavelmente se a Chaparral nunca tivesse existido os carros de hoje não seriam capazes de contrariar as leias da física. É sabido que muitas destas inovações acabaram por ser banidas (e algumas acabaram por voltar anos mais tarde como a asa traseira regulável) mas foi sem dúvida um contributo importante para o desporto automóvel e também para a indústria automóvel.

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