Avançar para o conteúdo principal

Turbinar ou não turbinar, eis a questão!

Com as restrições das emissões CO2 a apertarem cada vez mais o cerco aos construtores automóveis, nos últimos anos temos visto que está na moda os motores mais pequenos, com injecção directa e com turbos para ajudar a poupar nas emissões e nos consumos. Mas será que compensa?

Sim, é verdade que um turbo pode ajudar o motor a ter emissões mais contidas e ao mesmo tempo dar ao condutor a potência necessária para mover um automóvel de forma ágil, mas também é verdade que os turbos são peças bastante frágeis, por isso, são a causa de muitas avarias. O mesmo se passa com os sistemas de injecção directa, principalmente nos motores a gasolina.


Os sistemas de injecção directa, como diz o nome, injectam directamente o combustível na câmara de combustão. Isto num motor a diesel é bastante tolerável para o equipamento, já que a queima do combustível é mais lenta. Mas, nos motores a gasolina, os injectores têm de tolerar várias explosões e temperaturas muito elevadas, isto faz com que os injectores, por vezes, falhem. No entanto, depois de vários anos de desenvolvimento desta tecnologia, os injectores são relativamente fiáveis. Deu para perceber porque é que só agora, começam a aparecer de forma mais massificada estes sistemas! Os injectores são peças caras. 

Já os turbos, apesar de já andarem por cá há anos, são peças que têm de suportar grandes temperaturas e têm de aguentar grandes rotações, na ordem das 150.000 R.P.M. e obviamente que o stress que é imposto a estas partes faz com que muitas vezes falhem. Também não é de admirar que só agora, depois de o cerco apertar muito, é que as marcas estão a ver-se obrigadas a instalar estes turbos para melhorar a economia.

Segundo o Consumer Report, o Chevrolet Cruze apesar do Turbo e de um sistema de injecção directa multi ponto, não consegue consumos extraordinários em relação a outros carros normais.
Mas será que a potencial economia que estes sistemas dão aos consumidores compensa? Ou seja, será que o combustível que se poupa compensa os gastos acrescidos em manutenções? É claro que por enquanto, a substituição de um turbo ou de injectores não compensa os potenciais ganhos em economia. Basicamente, estamos a poupar 0,5 Litros/100 Km de gasolina ou gasóleo (ou menos) para depois gastar 100x mais em manutenções e substituições de peças que cederam.

E depois existe também a questão: Será que estas tecnologias realmente ajudam a baixar os consumos? Depois do escândalo na América com a Hyundai e a Kia que foram obrigadas a rever os consumos anunciados depois de vários consumidores e associações de protecção ao consumidor terem averiguado que não havia hipótese nenhuma de conseguir esses consumos, fico na dúvida se realmente isto tudo vale a pena! Muitas pessoas queixam-se que, apesar de terem um automóvel de injecção directa e turbo, os consumos não baixam muito e que o preço acrescido destas máquinas, normalmente, não compensa. 
Kia e a Hyundai tiveram de rever os consumos dos seus modelos. O Kia Soul, por exemplo, gasta mais 0,4 L/100km do que o anunciado pela marca!

Sendo assim, será que estas tecnologias são a resposta para esta asfixia de consumos e emissões? Penso que as marcas poderão ter de explorar outras hipóteses, de forma a conseguir ir ao encontro a estas metas sem falhar na fiabilidade!

A Mazda, por exemplo, adoptou a tecnologia Skyactiv que no que toca ao motor a gasolina aumenta de forma dramática o nível de compressão (14:1 em vez de 10:1) e recorre ao uso dos injectores para melhor eficiência mas, deixou os turbos de fora!

Já a Honda tem usado os seus motores com o Integrated Motor Assist que é usado como se fosse um turbo eléctrico. Assim, não é preciso usar combustível extra para que se faça sentir o turbo a ajudar e um motor eléctrico é bem mais fiável do que um turbo. Os motores IMA que até agora saíram também não contêm injecção directa o que pode ser menos uma dor de cabeça nas questões de fiabilidade que são uma prioridade para a Honda. Por isso, não é de admirar que um dos carros mais fiáveis de 2012 seja o Honda Insight.

O Honda Insight entrou no top 10 de carros mais fiáveis à venda na Europa! 

Antes de comprar um carro, é preciso ter atenção à máquina que estão a adquirir e ao seu funcionamento. Não vale a pena gastar mais dinheiro num carro com turbo e injecção directa, quando em termos de consumos, os ganhos são poucos e em termos de fiabilidade, as perdas possam vir a ser grandes. Testem e estudem bem o carro, vejam fóruns e procurem por defeitos! Só assim poderão fazer uma compra completamente consciente! 

Comentários

Agente Duplo disse…
Excelente artigo, muito útil no propósito e interessante de ler. É um bom ponto de partida para o debate relativo a toda a questão das tecnologias aplicadas em carros para reduzir consumos e emissões. Pessoalmente sou a favor destas inovações, visto que, quanto mais se insiste nelas, mais trabalho haverá a desenvolvê-las e tornar-se-ão cada vez mais fiáveis.

Mensagens populares deste blogue

Filtros K&N - Afinal são bons? Ou são bons para deitar fora?

Sabem qual é a principal modificação que as pessoas fazem a um carro ou mota? Não é velas, nem suspensões, nem travões, nem adicionar turbos ao motor... É fazer modificações na admissão de ar do motor.  Já devem ter ouvido falar dos filtro de ar da K&N. Já faz um tempo que tenho andado a estudar este assunto. Parece que existem duas pessoas no mundo. As que gostam do filtro K&N e as que dizem mal do filtro. Eu fiz muita pesquisa, vi muitos vídeos e li muitos artigos, falei com pessoas que os usam e vou tentar dizer-vos qual é a minha conclusão sobre tudo o que se diz sobre estes filtros. Mas primeiro, vamos a uma lição de história. Os filtros K&N nasceram da necessidade de dois malucos por corridas de motos em terra batida (sim, corridas com MUITO PÓ mesmo, e já vão ver porque é que esta ressalva é importante), que se queixavam dos filtros normais de papel que ficavam obstruídos muito depressa, o que baixava a performance do motor. Para além disso era uma...

Adamastor - Um desportivo português

Mas o que é isto? Um desportivo desenvolvido em Portugal de raiz?  Sim, ao que parece a empresa Circleroad já vai na terceira versão do protótipo que vai ser conhecido como o Adamastor. Um carro desportivo focado na pista, mas que pode ser usado nas estradas totalmente dentro da legalidade.  Pouco se sabe sobre este Adamastor e as suas características técnicas. Sabemos que o seu nome de código é P003RL que, trocado por miúdos, o P003 significa que este é já o terceiro protótipo do Adamastor e o RL quer dizer "Road Legal".  Diz que o carro vai ter um chassis tubular de baixo peso, focado para pista, mas ao mesmo tempo com requinte suficiente para poder ser utilizado nas estradas Portuguesas. Em termos de motor a marca diz que este é totalmente personalizável, o que me leva a crer que o cliente pode adquirir um motor qualquer, desde que caiba no chassis do Adamastor... Não sei bem como é que isso vai funcionar, mas penso que seria bom existir uma espécie de...

Opinião | Jantes: Quanto maior melhor?

Hoje em dia o mundo automóvel foi tomado de assalto por jantes cada vez maiores. Aliás a moda das jantes grandes tem tantos entusiastas que os construtores de automóveis começaram a oferecer opções de jantes cada vez maiores. O céu é o limite para o tamanho das jantes, principalmente se formos para países como os Estados Unidos, onde é possível encontrar Toyotas Corolla com jantes de 23 polegadas. Mas será que as jantes maiores têm alguma vantagem para além de serem mais vistosas? Se recuarmos 10 anos, era muito raro encontrar jantes com um tamanho maior do que 17 polegadas. E essas só estavam reservadas aos carros mais desportivos. Os construtores automóveis a pouco e pouco foram aumentando o tamanho das jantes principalmente com o advento das jantes de liga leve. Hoje em dia mesmo os carros mais baratos e económicos vêm com jantes de 16 e opções de jantes até às 19 polegadas! É uma loucura, mas pelos vistos, é o que as pessoas querem.  Portanto, isto é o que acontece...