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Teste - Citroën ë-C4



O Grupo PSA composto pela Peugeot, Citroën, Opel e DS têm uma filosofia muito interessante no que toca à sua oferta. Em vez de criar modelos específicos para elétricos ou para carros a combustão, oferece todas as possibilidades dentro do mesmo carro. Quer um C4 a Diesel? Com certeza, quer um a gasolina? Também se arranja... Prefere um 100% elétrico? Sim senhora, também temos, mas vai ter outro nome, vai chamar-se Ë-C4, porque sabe... é Elétrico! 

O Citroën Ë-C4 é um carro elegante, económico e prático que foi concebido para satisfazer as necessidades dos condutores modernos. É um concorrente sólido no segmento de crossover. Mas será que é bom? E como se compara com os seus irmãos (DS3 Crossback E-Tense, Peugeot e2008 e Opel Mokka-E) que são também concorrentes directos?



Vamos começar pelo motor e bateria. Tem 136 cavalos de potência e 260 n.m. de binário, o que é suficiente para acelerar de 0 a 100 km / h em 9,7 segundos - não é mau para um carro desta classe, mas fica um pouco aquém das expectativas já que todos os seus irmãos do Grupo PSA que usam exactamente a mesma configuração de motor elétrico e bateria acabam por ter prestações melhores, como por exemplo o Peugeot e-2008 e o DS3 E-Tense que fazem os 0-100 km/h na casa dos 8,7 segundos. 

A bateria de iões de lítio tem capacidade de 50kw o que segundo a marca confere 350km de autonomia em ciclo WLTP. Esta marca é atingida porque o E-C4 possui uma bomba de calor mais eficiente e pneus específicos para carros elétricos, coisa que o DS3 Crossback E-Tense e o Peugeot e-2008 só receberam em inícios de 2022 (Estes originalmente só tinham uma autonomia WLTP anunciada de 320km). Apesar destes upgrades para estender a autonomia do E-C4 a verdade é que mesmo com o modo ECO e o modo de regeneração mais forte "B" activado, os consumos andam por volta dos 17,7 kWh/100 km, ou seja, uma autonomia real estimada de 280 km. É possível estender esta autonomia para os 310 km (foi o meu recorde), mas estamos a falar de condições muito específicas que conjugam bom tempo, boa temperatura exterior, não usar o AC e ter uma condução ultra eficiente em estradas secundárias. Tocando nos dois calcanhares de Aquiles dos elétricos (Autoestrada e Inverno) podem contar com autonomia para 220 km ou menos. 



Importante também é o tempo de carregamento. Numa tomada caseira normal o Ë-C4 consegue carregar a bateria na totalidade em 24 horas, se for com um carregador rápido, é possível atestar a bateria em apenas 30 minutos. Dos meus testes com a tomada normal caseira, diria que carregar o carro numa noite em bi-horário dava para colocar na bateria cerca de 100 km, o que era o suficiente para as minhas necessidades do dia-a-dia. 

Para compensar o facto do E-C4 ser o mais lento e mais pesado está um dos verdadeiros pontes fortes do carro que é o espaço. O E-C4 é mais comprido e tem maior distância entre eixos que os seus concorrentes diretos do Grupo PSA. A bagageira é também enorme. Interior do carro pode não espantar, mas é suficientemente bom para passar despercebido, mesmo em termos de materiais não é nada de especial, mas no final das contas acaba por ser um bom interior, muito espaçoso e amplo que cumpre os mínimos.

No exterior a estética do E-C4 pode ser polarizadora, mas penso que é um gosto adquirido. Primeiro detesta-se mas olhando de perto e ao vivo consegue-se apreciar o seu aspecto menos crossover por ter menos 1 cm de altura ao somo do que os outros crossover do Grupo PSA. Os LED's traseiros também são distintos. Nota menos positiva é a ausência de escova limpa pára-brisas atrás e uma barra no meio do vidro traseiro que dificulta um pouco a visibilidade para trás.

Diz a Citroën que o Ë-C4 tem uma suspensão superior à dos seus concorrentes, com amortecedores de batentes hidráulicos progressivos nas quatro rodas o que corresponde a um elevado conforto, mas também provoca um adornar excessivo da carroçaria quando estamos em modo e espírito "Sport". Aliás o grande problema do Ë-C4 a meu ver é que o carro é demasiado macio na suspensão, demasiado leve na direção o que na prática faz com que os momentos mais espicaçados que possamos ter sejam vagos e pouco precisos. É como se o carro não quisesse andar depressa. Em contraste o DS3 Crossback E-Tense tem a suspensão mais desportiva, tem uma direção mais firme e pesada o que confere prestações desportivas bastantes superiores que o Ë-C4. 

Globalmente, gostei do Citroen Ë-C4. É um bom carro, com equipamento adequado e tem como surpresa ar condicionado Bi-Zona que não é comum nos outros SUV's do Grupo PSA. O espaço e o conforto são rei neste carro e se apreciam muito estas duas coisas, então vai ficar satisfeito com o modelo da Citroën.
Dito isto, não posso deixar de reconhecer que dentro dos SUV's PSA o meu preferido acaba por ser o DS3 Crossback E-Tense. É um carro mais rápido, mais luxuoso, tem melhores materiais e acabamentos, tem igualmente uma suspensão confortável mas mais firme e uma direção mais pesada que em conjunto tornam o carro muito mais agradável de conduzir principalmente no modo sport. 


 

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