Ser um "reviewer" de automóveis é como ser um crítico de cinema ou de música. Quem somos nós para dizer que o DUNE é melhor ou pior que Star Wars? Quem somos nós para poder dizer que o Drake é melhor músico que o Eminem? É tudo muito relativo às experiências que o dito "Reviewer" teve no passado. Quando me sentei ao volante de um Mini John Cooper Works Cabrio pensei: "Ora aqui está um carro que podia ser uma alternativa ao MX5." Estamos a falar de ambos serem descapotáveis, pequenos e desportivos. A receita perfeita para um carro divertido de fim de semana. O problema é que depois de dar uma volta neste Mini, o sabor que me deixou na boca foi amargo.
Não me interpretem mal, o Mini é um excelente carro, principalmente nesta versão John Cooper Works. 231 cv, 320 n.m. de binário, 0-100 km/h em 6,5 segundos e 240 km/h de velocidade máxima é muito apelativo e no papel tem os números todos para impressionar os vossos amigos. Os interiores do carro e qualidade de construção Mini são muito boas, os bancos são super confortáveis e podem ser colocados numa posição de condução mesmo baixa o que nos faz sentir que estamos num verdadeiro carro desportivo. Muitos extras, suspensão desportiva, bancos em pele, caixa automática de 8 velocidades... Tudo top, excepto as patilhas de plástico da caixa de velocidades que têm um feeling muito mau. Num carro que custa mais de 50.000 €, seria muito difícil colocar umas patilhas maiores e de metal? Até o meu volante Logitech G920 que me custou 250€ tem patilhas melhores que as deste Mini.
O problema deste carro está na tradução destas coisas todas do papel para a realidade e é quando estamos sentados no carro a conduzir que a vossa experiência pode ser significativamente diferente dependendo daquilo que conduziram no passado. Voltando ao exemplo da música, eu não sei se o Drake é melhor que Eminem ou não, mas sei que um dos melhores rappers de sempre foi o Tupac, é simplesmente incrível o contributo que o Tupac fez para a música em particular para o Hip-Hop. E como estamos a falar de pequenos carros descapotáveis e desportivos, é inevitável não comparar o Mini com o Mazda MX-5, que é provavelmente o melhor roadster alguma vez feito pela humanidade.
Ao volante do Mini, nunca me senti conectado com o carro. Sim o carro tem muita performance, mas o feeling não estava lá, o som não está lá, a interação com a caixa de velocidades não está lá, a nossa conexão com o carro simplesmente não acontece de forma tão natural como acontece com o Mazda MX5. A caixa automática do Mini John Cooper Works é extremamente competente em automático, mas se quisermos brincar com as patilhas da caixa de condução parece que nunca está na mudança certa. Ao fim de algum tempo simplesmente aborreci-me com as patilhas e deixei o carro decidir qual era a melhor mudança. Estava à espera que ter uma caixa destas fosse uma mais valia, pois em estradas mais sinuosas podemos trocar de mudança muito mais rapidamente e com mais precisão do que numa caixa manual. Será que 8 mudanças é demasiado? Não me consegui adaptar a esta caixa e desejei que este carro tivesse equipado com uma caixa Manual. O volante tem pouco feeling, apesar de ser uma direção muito directa e sempre com aquela sensação de Go Kart. Mas comparado com um MX5? Desculpem fãs da Mini, mas simplesmente fui mal habituado e acho que o Mazda MX5, mesmo com menos potência, mesmo com menos binário e mesmo com acabamentos e interiores mais simples, é um carro melhor e mais divertido de conduzir.
Foi difícil escrever esta Review, pois como sou dono de um Mazda MX5 NC é muito, mas mesmo muito difícil encontrar outro carro que faça aquilo que um MX5 faz e claro que quando me aparece um pequeno Roadster de outra marca a fasquia está demasiado alta para mim. Fui mal habituado. O Mini não é um carro mau, o Mazda MX5 é que é mesmo muito bom. É como o Jeremy Clarkson disse na review de um MX5, "a única razão para o MX5 ter 5 estrelas é porque eu não posso dar 14 estrelas." O Mini é um carro 5 estrelas, mas o MX5 é um carro de 14 estrelas.
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