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Teste - Mazda MX-30



O MX30 é a primeira incursão da Mazda nos carros eléctricos. Sendo a Mazda uma pequena construtora de automóveis independente é normal que tenha ponderado muito bem a introdução do seu primeiro carro 100% eléctrico e sejamos francos apesar do design irreverente, não houve aqui grandes riscos por parte da marca. Por outro lado, o resultado final deste carro acabou por me surpreender bastante e este pode bem ser o primeiro carro 100% eléctrico que vai agradar aos Petrol Heads.

Para quem não sabe, o termo MX significa Mazda eXperimental e ao longo dos anos tem sido usado internamente para dar corpo a conceitos de carro pouco convencionais. O MX-5 acabou por ser a experiência mais famosa e com mais sucesso que a marca teve. Obviamente que houve outras experiências que não correram tão bem como o MX-3 ou o MX-6, carros desportivos lançados na década de 90 que entretanto foram extintos. Também é de referir que para além dos Mazda Experimental houve os Rotary eXperimental que deram corpo aos automóveis da Mazda que usavam o revolucionário motor Wankel. O Mazda eXperimental 30 é a a experiência mais recente da Mazda pois é o primeiro 100% eléctrico posto em produção pela empresa de Hiroshima. Também trata-se de um SUV e aqui já vemos a marca a piscar o olho para o segmento que mais tem crescido nos últimos anos no mundo automóvel.


Em termos de Design acho o carro brilhante. Talvez dos eléctricos mais interessantes do mercado. O MX-30 usa o mesmo chassis do SUV CX-30. As proporções do carro são idênticas ao CX-30 com a diferencia que o MX-30 é mais alto para acomodar as baterias. De resto as linhas do carro são bem mais arrojadas do que o CX-30. O MX-30 tem muitos detalhes interessantes no exterior principalmente a sua traseira mais ao estilo de coupé e claro as famosas portas suicidas ao estilo do Mazda RX-8 que vão agradar bastante aos fãs mais hardcore da marca. Aliás o facto deste carro ter portas suicida e ter um enorme buraco no capô, está confirmado, com 99,9% de certeza, que este carro vai ter no futuro, um motor Wankel que servirá de gerador de electricidade. 


Tendo a sigla MX que é sinónimo de carro desportivo, tendo as portas suicidas que fazem lembrar o antigo RX-8 e tendo toda a filosofia do Jinba Ittai e Zoom-Zoom, o MX-30 é um carro desportivo? Na verdade foi na parte da condução que este carro mais me surpreendeu. Todos os carros eléctricos têm à cabeça características que são desportivas e o MX-30 não é excepção. 145 cavalos de potência e 270 Nm de binário (Para ficarem com algumas referências um Mazda MX-5 ND 2.0 184cv tem apenas 205 Nm de binário e um Abarth 500 1.4 Turbo de 180cv tem 250 Nm de binário). O facto de todo o binário ser disponibilizado de imediato faz com que o carro precise somente de 9 segundos para chegar aos 100 KM/H. Outra boa característica de um eléctrico é o centro de massa ser tão baixo devido às baterias estarem instaladas no chão do veículo. Mas para além destas características que são standard em todos os eléctricos, a Mazda ainda incluiu distribuição de peso 50/50, peso total do veículo na casa dos 1600kg e um sistema de binário vectorial (G-Vectoring Control) que o torna mais ágil ao curvar. O resultado é que este é sem dúvida nenhuma um dos eléctricos mais agradáveis de conduzir e "desportivo" que conduzi até hoje. Não é nenhum MX-5, mas comparando com o Audi E-Tron que tem 400 cv e binário suficiente para pôr o mundo a girar ao contrário é muito mais agradável em curva e porquê? Porque o Audi pesa 2,5 toneladas e depressa vemos as limitações deste carro em curva numa condução mais desportiva. 


Falando de interiores a Mazda esmerou-se bastante apresentando um habitáculo, muito confortável, com materiais de topo e com presença de produto nacional. A Mazda celebra 100 anos e no início era uma marca que vendia cortiça e como tal o MX-30 tem alguns apontamentos em cortiça que acho que ficaram muito bem e dão um ar muito acolhedor ao carro. E claro estamos a falar de cortiça portuguesa. Como podem ver, é um carro que possui um enorme leque de desbloqueadores de conversa. Os bancos de trás é que podem ser um pouco curtos para adultos com 1,90 metros (como o meu caso). Para começar a altura do chão ao banco é baixa o que faz com que fiquem com os joelhos um pouco elevados, depois a distância entre bancos não é a melhor e a cabeça roça o tejadilho. Mas se falarmos de pessoas com estatura média 1,80 metros, diria que é o suficiente. Para crianças e pequenos adultos é do melhor. O acesso aos lugares de trás está sempre condicionado às portas suicidas que só abrem quando as da frente estão abertas. Isto pode ser pouco prático no dia à dia, mas se não usarem muito os bancos de trás, acaba por não ser mau e sinceramente eu acho que dá caracter ao carro. O espaço na bagageira não é o melhor da classe (366 litros) e acaba por ser bem mais pequena que o do seu irmão CX-30 (430 litros), mas é o suficiente para a maioria da tralha do dia à dia.

O equipamento que vem de série neste carro é fortíssimo. Alguns extras de destaque é o Heads Up Display a cores, o lane keep assist, Cruise control adaptativo, bancos aquecidos, apple car play, android auto, navegação, bomba de calor, jantes de 18 polegadas e tudo isto vem de série no modelo de entrada de gama. Uma coisa que não tem são os modos de condução, a mim não me choca, mas acredito que hajam pessoas que gostariam de colocar o carro num setup mais económico ou num mais desportivo. Uma coisa que tem e para mim é muito bem vinda num eléctrico, é um som associado ao binário que está a ser debitado pelo motor. Se acelerarem devagarinho não se ouve praticamente nada, mas se acelerarem forte, vão ouvir um som. Não é um som que irrite, ou que distraia. Na minha opinião é um pormenor muito bem vindo e que até eleva a experiência de condução a um carro convencional de combustão, mas com um toque mais moderno e "High-tech".

Falando de autonomias estamos perante um pack de baterias de 35,5 kWh onde apenas 32 kWh são utilizados. A Mazda diz que tem um alcance de 200 km no ciclo misto WLTP. O representante da marca com que falei e outras pessoas que testaram o carro afirmaram que é possível extrair destas baterias um alcance de 240 km utilizando as patilhas do volante para os modos de regeneração mais agressivos. Aliás neste modo é possível conduzir apenas com o acelerador. Não cheguei a testar o carro por um longo período, por isso, vamos ter de esperar por mais informações por parte das pessoas que adquirirem este veículo. As baterias, essas são refrigeradas com líquido e com ajuda do ar condicionado o que permite uma melhor performance da mesma.

Finalmente, vamos falar sobre preços e a Mazda surpreendeu bastante com uma campanha de lançamento bombástica. O First Edition que é uma versão limitada de lançamento custa 34.500€ se comprarem a pronto, mas pode ser adquirido por 29.790 preço chave na mão se optarem por financiamento e podem tê-lo por 357€ por mês (120 meses) sem entrada, com oferta de um voucher de até 1000€ que podem gastar em acessórios para o MX-30, garantia extra ou serviços de manutenção. 

Para fechar esta review, penso que o MX-30 é realmente uma proposta bastante interessante, diferente, irreverente e com uma campanha de lançamento que vai com certeza levantar algumas sobrancelhas. O carro é verdadeiramente divertido de conduzir, é espaçoso quanto baste, tem características que o diferenciam de todos os outros e ainda tem uma quantidade massiva de extras de série. Sim, é verdade que a autonomia de 200 km e as portas suicidas pode afastar algumas pessoas, mas acreditem que vai ser difícil encontrar um carro que vos dê este nível de prazer de condução a este preço pois, outras propostas equivalentes focadas no prazer de condução são mais caras e menos práticas (Honda E / Mini Cooper S E).


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